São Paulo Destino escolhido, passagens e diárias compradas e mala pronta. Parece tudo que você precisa para fazer uma viagem tranquila neste final de ano. Mas, se a sua "checklist" não inclui um seguro de viagem, ou se inclui, mas você não sabe exatamente o que ele cobre, suas férias podem se revelar um verdadeiro fiasco.
Se o pior acontecer e você não tiver um seguro, ou se você não tiver uma cobertura razoável, os gastos com problemas ocorridos no exterior podem extrapolar, e muito, o gasto total com a viagem.
Por 77 reais, por exemplo, já é possível contratar uma cobertura de 50 mil reais para morte acidental e de 10 mil dólares para despesas médicas para sete dias de viagens pelos Estados Unidos. Considerando que o custo médio diário de uma internação hospitalar no país é de 1.960 dólares (dados mais recentes da Kaiser Family Foundation, grupo especializado em pesquisas sobre saúde), é dispensável dizer que o seguro vale a pena.
A seguir estão listados 10 tópicos com ponderações e orientações para a contratação dos seguros de viagens. Confira e saiba como proteger a sua viagem da melhor forma.
1 Avalie que tipo de cobertura você precisa
O tipo de cobertura incluído é o ponto mais importante a ser avaliado no seguro de viagem. "As pessoas têm dificuldade para entender qual seria o valor de cobertura necessário para alguns países mais caros e acabam contratando a cobertura básica, que não contempla todos os gastos", afirma Marco Rossi, presidente da Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais (CNSeg).
João Cardoso orienta que sejam pesquisados os custos de alguns procedimentos médicos no país de destino, como o custo de uma diária no hospital, ou de uma intervenção cirúrgica. A partir disso é possível definir qual cobertura para assistência médica contratar. Elas variam de 30 mil a 1 milhão de dólares, mas eu aconselharia contratar uma de, no mínimo, 50 mil dólares".
Em uma viagem para os Estados Unidos, por exemplo, que é conhecido por ser um dos líderes mundiais em custos de despesas médicas e por ter um sistema público de saúde restrito, mesmo para cidadãos locais, é importante considerar uma cobertura maior.
O site MyTravelCost.com também pode facilitar a pesquisa. Ele mostra os gastos médios com saúde em diferentes países, fazendo comparações entre os custos de dois lugares. Ele mostra, por exemplo, que gastos com saúde nos EUA são 71% superiores aos do Brasil.
2 Observe não só as coberturas principais
As principais coberturas que os seguros costumam oferecer são para morte acidental e assistência médica, mas os seguros mais completos podem oferecer também outras coberturas muito vantajosas, como para: cancelamento de viagem, assistência jurídica, extravio e atraso de bagagem, medicamentos, assistência odontológica, repatriação, extensão de internação hospitalar e de diárias em hotéis, passagem de ida e volta para um familiar, etc.
Uma assistência de viagem básica de sete dias no Canadá para um viajante de 25 anos, com cobertura médica de 10 mil dólares, sai por 77 reais na Vital Card. E um plano de assistência da Travel Ace, com todas as coberturas citadas acima, além de outras, e com cobertura médica de 1 milhão de dólares custa 413 reais. Ainda que sejam gastos 300 reais a mais, em um eventual sinistro, apenas os gastos com medicamentos, cobertos pelo segundo seguro, mas não pelo primeiro, já compensariam o gasto adicional.
3 Cheque se o plano cobre doenças preexistentes
De acordo com João Cardoso, no Brasil, a maior parte dos seguros de viagem não cobre doenças que o segurado possua antes de contratar o serviço. Se o segurado tem alguma doença crônica e tiver uma crise em outro país, a maior parte dos seguros não vai cobrir suas despesas. Por isso, é muito importante que a pessoa nessa situação analise se o plano inclui doença preexistente, diz.
4 Compare os seguros oferecidos pela agência de viagem e pelos cartões de crédito com os seguros comprados separadamente
Os seguros de viagem podem ser oferecidos pelas próprias agências de viagem, junto aos pacotes; podem vir como um bônus se você pagar sua passagem internacional integralmente com o cartão de crédito; ou podem ser vendidos individualmente.
Agências de viagem costumam ter parcerias e já oferecem um produto pré-definido. Apesar da conveniência, ao buscar os seguros por conta própria é possível contratar mais níveis de cobertura e pesquisar o melhor preço, diz João Cardoso. Por isso, novamente é recomendável checar o que cada tipo de seguro oferece.
5 Observe com cuidado as coberturas do seguro atrelado ao cartão de crédito
Ainda que o seguro oferecido pelas empresas de cartões de crédito tenha a vantagem de ser embutido na compra das passagens, sem cobrança adicional, dependendo do cartão, a cobertura pode ter valor baixo ou ser insuficiente. Os cartões de segmentos de renda inferiores, por exemplo, até oferecem seguro para morte em caso de acidente de viagem, mas não cobrem despesas médicas.
No caso da Visa, por exemplo, os clientes do cartão para alta renda Visa Platinum têm direito a cobertura médica de 25 mil dólares (ou de 30 mil euros em alguns países europeus) e de 500 mil dólares para acidentes. Já os clientes dos cartões de segmentos inferiores, como Classic e Gold, têm cobertura de 75 mil reais em caso de acidente, mas não têm cobertura para gastos médicos.
O mesmo ocorre com a MasterCard. Seus clientes Platinum, do segmento de mais alta renda, têm a mesma cobertura do Visa Platinum. Porém, nos cartões standard, assim como ocorre com o Visa Classic, preveem apenas cobertura para acidentes no valor de até 75 mil dólares, mas não para despesas médicas. A única diferença do MasterCard standard para o Gold é a cobertura de 250 mil dólares para acidentes.
6 Compare preços
Os preços dos seguros podem partir de menos de 10 reais por dia e podem chegar a custar mais de 50 reais a diária. Além de verificar os preços oferecidos diretamente com as seguradoras, ou com a agência de viagem, atualmente sites de corretoras que vendem os seguros online permitem comparar de maneira rápida e fácil os preços de diferentes produtos.
O presidente da CNSeg alerta para a economia do valor neste momento: Não vale a pena economizar na cobertura. A diferença de preço de um seguro com uma cobertura de 20 mil dólares e outro de 150 mil dólares não é tão grande, mas no sinistro pode fazer uma diferença enorme.
7 Entenda o que é assistência e o que é seguro de viagem
Os seguros podem ser vendidos de forma avulsa ou podem ser incluídos em um pacote que mistura seguros e assistência à viagem. Na maioria dos casos, os planos vendidos no mercado, mesmo que chamados de seguros de viagem, incluem os dois tipos de produto.
É por isso que, na prática, a diferença entre seguro e assistência de viagem acaba sendo basicamente inexistente, conforme explica João Cardoso. "Ao contrário do que as pessoas pensam o "seguro de viagem" ou "assistência de viagem" não é um produto mas um pacote de produtos. Em termos legais, o produto acaba por ser chamado de seguro se a empresa que o comercializa é uma seguradora ou uma empresa de assistência", afirma.
As maiores diferenças costumam se dar em relação à cobertura para procedimentos médicos. Os planos com assistências médicas oferecem tratamentos médicos dentro de uma rede credenciada, sem que o segurado pague nada durante os procedimentos. Já no seguro, o cliente tem a opção de escolher a clínica que ele deseja, pagando o valor do tratamento, e solicitando posteriormente o reembolso das despesas. Mas, muitos planos são vendidos com os dois tipos de serviços.
8 Fique atento à obrigatoriedade do seguro para entrar em alguns países
Alguns países exigem que os turistas contratem um seguro para a viagem. A maior parte deles fica na Europa e é signatária do Tratado de Schengen, que exige que o turista tenha um seguro viagem com cobertura mínima de 30 mil euros. São eles: Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Hungria, Itália, Irlanda, Islândia, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Noruega, Polônia, Portugal, Reino Unido, República Tcheca, Romênia, Suécia e Suíça.
Em Cuba também é exigido o seguro viagem, que pode ser comprado no próprio aeroporto. E na Austrália a exigência é feita aos estudantes de intercâmbio, que devem ter o seguro saúde "Overseas Students Health Cover (OSHC)".
9 Informe ao corretor os detalhes da viagem
Explique ao agente de viagens ou ao corretor tudo o que você pretende fazer na viagem. Ao saber que você praticará algum esporte radical, por exemplo, esses profissionais podem indicar um seguro que preveja cobertura para acidentes relacionados a essa prática ou podem indicar a contratação de uma cobertura adicional.
"O maior problema em relação aos seguros de viagens é a falta de comunicação. É comum que segurados façam o seguro sem informar que vão praticar esportes de risco e depois não obtenham a cobertura. Nesses casos, é preciso contratar cobertura adicional", afirma Osvaldo do Nascimento, presidente da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi), associação afiliada à CNSeg.
Também é importante que você explique exatamente os lugares pelos quais você vai passar. Pietro Borsari, estudante de economia, fez um intercâmbio na Coreia do Sul e resolveu fazer um mochilão pela Ásia. Em uma das primeiras paradas, nas Filipinas, escorreguei na escada do albergue e desloquei meu ombro. Para minha surpresa, o seguro que eu fiz só tinha validade em território sul-coreano e eu amargurei um prejuízo de mil reais", comenta.
10 Solucione dúvidas com a Susep
Se você tiver qualquer dúvida sobre a procedência de uma seguradora ou corretora, ou se quiser se informar sobre seus direitos enquanto segurado, você pode ligar para a Superintendência de Seguros Privados (SUSEP - telefone 0800 021 8484). A Susep é o órgão do governo responsável pelo controle e fiscalização do mercado de seguros.